sábado, 9 de abril de 2011

Réquiem aos mortos...(saudades de outros tempos)



O ano é anterior a 1964, é 8:00 da manhã, o pátio lotado de crianças correndo, todas uniformizadas, desde sapatos até mochilas iguais.
Portão fechado, o sinal é forte e agressivo, chamando até aqueles que estão mais dispersos. Formam-se filas por turma e por tamanho, menores na frente. Canta-se o Hino Nacional brasileiro em posição de respeito, sem brincadeiras ou achincalhes. A Bandeira do Brasil, sempre hasteada.

Após o hino cantado por todos em alto e bom som, o comentário diário a respeito de comportamentos e atitudes feito pelo diretor da escola, aqueles alunos nominados na palestra permanecerão em seus lugares. Esse é aquele momento em que todos se sentem aflitos e temerosos, afinal ser chamado significa castigo e bilhete para os pais, que terão que comparecer à diretoria para inteirar-se do comportamento de seu filho,
além da “vergonha” de se ver exposto a todos, com certeza por mau comportamento.

Os que não foram chamados seguem em fila, em silêncio para sua sala, acompanhados pelos seus respectivos professores, colocando-se ao lado de sua cadeira escolar, fazem uma oração e sentam-se em silêncio respondendo a chamada, com respeito ao mestre. Destaque-se que notas eram dadas até para comportamento (e reprovavam).

Seja qual for a situação o aluno não se levanta sem autorização do professor, bem como ao se-dirigir a ele pede licença chamando-o de senhor, sempre com o maior respeito, afinal “naquele tempo” professor era o segundo pai e ele direcionava a continuidade da educação, ética, moral, respeito, atitude, conduta, tal qual recebíamos em nossos lares. Esses professores, alguns ainda vivem, deixaram cargos importantes para se dedicarem ao magistério ou tornaram-se esposos de professoras do estado que eram bem remuneradas, tidas como bom partido.

Após 1964, e com o acordo MEC/USAID (Agencia Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos) todos esses princípios foram abandonados em nome de um ensino reformulador com base no enfoque tecnológico americano, aceito pelos generais da ditadura. Os técnicos americanos, muito mais do que preocupados com a educação brasileira, preocupavam-se com os interesses das grandes corporações norte-americanas em busca de mão de obra barata e submissa; na realidade tratava-se de dominação através da falta de conhecimento e empobrecimento de nossa formação – diga-se de passagem – excelente naquela época.

Baniram das escolas a competitividade, a promoção por mérito e capacidade, o respeito aos símbolos da pátria, a religião, o poder dos professores, a moral e bons costumes, a ética, matérias como: estudos sociais, educação moral e cívica, trabalhos manuais, música, latim, entre outras.

Hoje, as famílias não se vêem nem na hora do almoço, stressados, logo pela manhã com o transito e com o horário da escola dos filhos, pais e mães, correm para deixá-los na porta do colégio (onde ficam o dia todo) e voam ao trabalho, poucos os momentos que sobram para a reunião familiar, restando ao filho aprender por si coisas que nem sempre são positivas à sua formação.

Como se não bastasse o acordo nocivo feito pelo MEC, nasce também, fruto da ditadura, a Rede Globo, com sua programação permissivista e com enfoque globalizante, incentivando nossos alunos a copiarem comportamentos da juventude americana, através de programas, novelas, mensagens subliminares e propagandas danosas. (As outras idem...idem)

Temos hoje dentro das escolas (que pensam que ensinam) uma metodologia pseudopedagógica que emburrece o estudante, que já conta como certa a conclusão de seu curso, estudando ou não o que lhe foi ensinado, já que as escolas atuais não reprovam ninguém! Recordo com saudosismo o exame de admissão que era prestado (tal qual um vestibular) para se ingressar no “ginásio”. Era a passagem do primário para o ginasial.

A razão de ser de escolas diferentes e que evitava a mistura de alunos de idades muito diferentes no mesmo estabelecimento, evitando também o amadurecimento precoce, assimilação de vícios e a antecipação de desvios comportamentais.

O ensino pós-acordo criou o “estilo” Justin Bieber, nos cabelos, mochilas de marca, a postura de “popular”, a privacidade de armários e acomodações, o bulling, o uso de drogas, o sexo (tão incentivado pela TV – Malhação) as condutas impróprias tipo Simpsons, Família da Pesada, a internet para os brigões, a agressividade gratuita, o poder de ameaçar o professor, o excesso de direitos.

Esse professor de hoje, cidadão de segunda classe, com salários de fome, enfrenta em seu dia-a-dia um ser humano com sérias dificuldades de comportamento e aprendizagem, oriundo de escolas deficientes e busca conseguir o “diproma” tão exigido no mercado de trabalho, porquanto aquele mestre sempre está entre o ensinar real e aquilo que lhe é cobrado, a aprovação.

Tudo somado resulta em espancamentos de profª. em P. Alegre, em Guaimbê/SP, Itapetininga/SP, em Paulínia/SP, no assassinato do professor em BH, culminando no massacre em Realengo, que era esperado por todos, e até pela mídia, que a partir daí trará a publico todos os psico isso e psico aquilo que tecerão comentários e apontarão saídas mirabolantes, culpando tudo e todos, mas continuando a manter seu papel, sempre divulgando a agressividade.

Fatos como esses eram previsíveis, resultado de comportamento benevolentemente apoiado e aceitado por pais e professores e, principalmente, pelas autoridades brasileiras, cúmplices por manterem o ensino, os professores e as escolas no estado em que estão.

Eis ai o resultado do acordo Mec/Usaid; a formação de analfabetos, imbecis e psicopatas.

Foto Ilustrativa

2 comentários:

  1. Meu Deus, estamos num momento realmente triste para todos. Hoje, nossos filhos temem ir pra a escola, que é onde, supostamente, estariam livre da marginalidade, da influência negativa e seriam preparados para um futuro melhor!
    E agora???

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  2. É isso aí Daniel. Bons tempos...aqueles!!!
    Jorge

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