Festa do Divino: Evento turístico ou festinha de igreja?

Entra ano sai ano temos uma expectativa que a festa, de repente, terá um boom de inovações e novidades. Que pena, não é o que acontece, muito ao contrário, as premiações diminuem, os artistas são desconhecidos, shows medíocres, o público não é mais o mesmo, barracas pobres, muitos camelôs, preços exorbitantes nas barracas que pagam aluguel, a mesmice e por ai vai, porém o lucro da igreja continua.

Nada contra o lucro nem contra a igreja, acredito sim que se faz necessário uma reprogramação dessa festividade tão famosa e tão tradicional, para que não se perca como se perderam vários outros em Guaratuba, como a Banda, o Carnaval, Encontro de Motos, Encontros de Moto-Home, Feira do Artesanato, entre outras, pelo simples fato de não acompanharem novos tempos, novos turistas, pessoas mais exigentes, e por que não espelhar-se no turismo e festas pujantes de nosso vizinho estado catarinense.

Falando em catarinense a motivação deste texto foi o convite que fiz a um amigo de Joinville para que viesse almoçar comigo aqui em Guaratuba, levei-o à Festa do Divino, foi constrangedor. Podem dizer o que quiserem o atendimento dentro dos barracões explorados pela igreja é péssimo e por visar lucros maiores, peca também na qualidade e quantidade dos produtos ofertados. Já que servem bebidas alcoólicas que o façam com qualidade, nada de latas e copos plásticos. E o almoço? Se você se dispõe a ser colaborador faça-o com carinho e alegria, cozinhe como se fosse em sua casa! Não deixe que “o lucro da igreja” o desestimule a servir com qualidade, pois sabemos que a maioria que lá estava “colaborando” serve bem melhor em seus restaurantes e bares. Não se justifique, cobre um valor maior e sirva melhor é assim que funciona é assim que as coisas melhoram.

Tenho a certeza que a avaliação que farão no final da festa é que foi um estrondoso sucesso, é claro que essa será feita pelo lucro obtido, e se não desviarem o dinheiro arrecadado poderão dizer que a missão foi coroada de êxito. Como não poderia ter êxito uma festa onde quase tudo é doado e além disso os concorrentes são onerados com o aluguel da “praça do povo” pela igreja? Seria o mesmo sucesso se houvesse uma concorrência legal? O aluguel caro e a concorrência desleal reduzem a qualidade, outrossim, a concorrência leal traz a melhoria de qualidade.

Casa cheia no encerramento, pessoas atraídas pelo bingo (agora com premiação bem reduzida) pode ter dois significados: primeiro a necessidade e esperança da maioria em faturar o prêmio; a segunda é o espírito participativo e colaborador do brasileiro, independente de sua religião. Esta claro, entretanto, que os organizadores e festeiros do evento tendem a diminuir, pela lógica, a proporção da festa na medida em que as obras da igreja chegam ao final e, em nenhum momento, consideram a possibilidade de manter a Festa do Divino como uma das mais grandiosas festas do litoral. É de se ficar atento, pois as cidades vizinhas estão de olho nesse filão, algumas até já tem em sua programação sua festa do Divino.

O turismo em uma cidade obrigatoriamente é responsabilidade de todos e qualquer que seja o segmento ou a festividade, não deve ser desenvolvida “per si”, deve ter a colaboração e acompanhamento do poder público e dos órgãos responsáveis pelo turismo da cidade e, esses devem promover reuniões e discussões com todos os envolvidos e irem em busca de um crescimento na qualidade do turista e do turismo que se deseja, pois se tratarmos a festa como Evento Turístico está longe de ter a qualidade para tanto, porém se quisermos ter apenas uma festinha de igreja...o caminho está correto!

Foto da apresentação do "Divino" em Guaratuba/PR