segunda-feira, 15 de julho de 2013

O Texto que não queria escrever! (Parte I)


Há alguns anos (2009) publiquei no Blog Carvão Vermelho um texto de desistência de luta, motivado pelo cansaço em bater na tecla da alienação popular. Recentemente, fui classificado como agressivo (entre outros piores) em virtude de um posicionamento meu em relação às manifestações várias que ocorreram (e estão ocorrendo) no Brasil, entretanto, não divulgadas pelas TVs abertas do Brasil, as quais continuam emburrecendo nosso povo com novelas, futebol, carnaval e outras besteiras.
Achei o texto muito atualizado e resolvi postá-lo de novo no Bloguaratuba, qualquer comentário será bem-vindo, entretanto peço apenas que leiam o texto Parte I e Parte II, para depois comentar.

O Texto que não queria escrever! (Parte I)

Desisto! É isso mesmo. Cansei. Tenho me perguntado se não sou um daqueles idiotas idealistas que não se conformam em apenas ser como a maioria e ficar quieto no seu canto.

Durante a vida toda tomamos atitudes e nos posicionamos contra tudo e todos o que considerávamos errados, mesmo que isso nos tivesse custado algumas posições, cargos, amigos, etc. , entretanto, não deixamos de lado nossas convicções e nem abandonamos as trincheiras da luta.

Vivenciando algumas situações e condutas de pessoas mais chegadas e que representam diversas classes sociais das camadas da população pudemos concluir que a maioria é o que é, e deve se manter como tal, passando aos seus filhos os exemplos de comportamento que por sua vez adquiriram de seus pais, o que comigo não aconteceu, talvez essa a razão da desistência. Vão se espantar e dizer: - Que é isso, logo tu? Vais abandonar a luta? Não sei, talvez fosse melhor ser apenas mais um alienado que reclama que as coisas estão ruins só quando esta ruim pra ele, mas não faz nada para melhorá-las, até porque se arrisca a perder seu status, por quê?

Tive várias oportunidades de provocar situações de aglutinamento de pessoas objetivando a discussão de assuntos importantes em diversas áreas e, principalmente, na política, o nascedouro de tudo, o que as pessoas execram como o pior dos males, porém ela tem direcionado os povos há milênios, construído e destruído impérios, provocado guerras e gerado a paz, posto e deposto reis, e, não é a nossa simples covardia que mudarão os fatos. Isso me fez trazer ao texto uma citação enviada a mim nos blogs por outro incansável lutador (Lauro Padilha) “O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam” (Arnold Toynbee).

Tenho aberto canais, oferecido oportunidade para as pessoas se manifestarem, darem suas opiniões em diversos assuntos, tenho feito convites, tenho implorado ajuda, chamado a participar, aberto espaços, tudo com um só objetivo, fazer com que nasça a discussão! Parece que é o que não querem, dizem estarem satisfeitos e que não querem mudanças, seus horizontes se encurtaram, nada tem a oferecer, não se manifestam com medo de represálias, com medo do que o vizinho vai dizer! E os que o seguem? Porque além de filhos, pode ser o aluno, o empregado, os familiares, os colegas de futebol ou bilhar? A esposa, aquela companheira que às vezes também quer se libertar daquela rotina opressora? Como liberar o grito na garganta se não o praticamos? Que mundo é esse que ofereceremos aos nossos descendentes? Porque queiram ou não, de nossa postura e de nossas posições é que nossos filhos se espelharão e ai? Um pai omisso, alienado, que vive fingindo ser o que não é, aquele que fala mas não assume, quando assume toma partido e se cala diante das injustiças que o seu lado pratica.

Essa é a grande verdade de nossos tempos, apontar para esse ou aquele político por isso e por aquilo, porém o brasileiro não vota nas ideologias partidárias, vota sim, no político, aquele com quem ele mais se identifica, ou melhor, aquele que pode lhe oferecer alguma vantagem (A Lei de Gerson) ou atender alguém de seu relacionamento. Por ter esse comportamento dúbio e sacana, ele permite que cheguem ao poder o que existe de pior no seio da política de seu país, mas não consegue enxergar-se como o grande culpado pela omissão.

Alegra-se, chora, faz promessas, paga caro, idolatra, briga nas ruas, ofende amigos, faz tudo por futebol, mas não é capaz de se revoltar em uma fila de banco ou de hospital depois de longas horas de espera, enquanto seus heróis em hotéis maravilhosos dão desculpas esfarrapadas pelas derrotas, que eles, sem protestos, aceitam.
O que leva o brasileiro a agir com tamanha submissão? (continua...)

Foto ilustrativa

Um comentário:

  1. Daniel,
    Não esmoreça. Não jogue a toalha. Com certeza não salvaremos o mundo. Mas se conseguirmos transmitir nossa mensagem para uma unica pessoa que seja, já terá valido a pena. Aprendi isso a duras penas e com algumas inimizades.

    Abraço.

    João Camargo Mello Filho

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