Há alguns anos
(2009) publiquei no Blog Carvão Vermelho um texto de desistência de luta,
motivado pelo cansaço em bater na tecla da alienação popular. Recentemente, fui
classificado como agressivo (entre outros piores) em virtude de um
posicionamento meu em relação às manifestações várias que ocorreram (e estão
ocorrendo) no Brasil, entretanto, não divulgadas pelas TVs abertas do Brasil,
as quais continuam emburrecendo nosso povo com novelas, futebol, carnaval e
outras besteiras.
Achei o texto
muito atualizado e resolvi postá-lo de novo no Bloguaratuba, qualquer
comentário será bem-vindo, entretanto peço apenas que leiam o texto Parte I e
Parte II, para depois comentar.
O
Texto que não queria escrever! (Parte I)
Desisto!
É isso mesmo. Cansei. Tenho me perguntado se não sou um daqueles idiotas
idealistas que não se conformam em apenas ser como a maioria e ficar quieto no
seu canto.
Durante
a vida toda tomamos atitudes e nos posicionamos contra tudo e todos o que
considerávamos errados, mesmo que isso nos tivesse custado algumas posições,
cargos, amigos, etc. , entretanto, não deixamos de lado nossas convicções e nem
abandonamos as trincheiras da luta.
Vivenciando
algumas situações e condutas de pessoas mais chegadas e que representam
diversas classes sociais das camadas da população pudemos concluir que a
maioria é o que é, e deve se manter como tal, passando aos seus filhos os
exemplos de comportamento que por sua vez adquiriram de seus pais, o que comigo
não aconteceu, talvez essa a razão da desistência. Vão se espantar e dizer: -
Que é isso, logo tu? Vais abandonar a luta? Não sei, talvez fosse melhor ser
apenas mais um alienado que reclama que as coisas estão ruins só quando esta
ruim pra ele, mas não faz nada para melhorá-las, até porque se arrisca a perder
seu status, por quê?
Tive
várias oportunidades de provocar situações de aglutinamento de pessoas
objetivando a discussão de assuntos importantes em diversas áreas e,
principalmente, na política, o nascedouro de tudo, o que as pessoas execram
como o pior dos males, porém ela tem direcionado os povos há milênios,
construído e destruído impérios, provocado guerras e gerado a paz, posto e
deposto reis, e, não é a nossa simples covardia que mudarão os fatos. Isso me
fez trazer ao texto uma citação enviada a mim nos blogs por outro incansável
lutador (Lauro Padilha) “O maior castigo para aqueles que não se
interessam por política é que serão governados pelos que se interessam” (Arnold
Toynbee).
Tenho
aberto canais, oferecido oportunidade para as pessoas se manifestarem, darem
suas opiniões em diversos assuntos, tenho feito convites, tenho implorado
ajuda, chamado a participar, aberto espaços, tudo com um só objetivo, fazer com
que nasça a discussão! Parece que é o que não querem, dizem estarem satisfeitos
e que não querem mudanças, seus horizontes se encurtaram, nada tem a oferecer,
não se manifestam com medo de represálias, com medo do que o vizinho vai dizer!
E os que o seguem? Porque além de filhos, pode ser o aluno, o empregado, os
familiares, os colegas de futebol ou bilhar? A esposa, aquela companheira que
às vezes também quer se libertar daquela rotina opressora? Como liberar o grito
na garganta se não o praticamos? Que mundo é esse que ofereceremos aos nossos
descendentes? Porque queiram ou não, de nossa postura e de nossas posições é
que nossos filhos se espelharão e ai? Um pai omisso, alienado, que vive
fingindo ser o que não é, aquele que fala mas não assume, quando assume toma
partido e se cala diante das injustiças que o seu lado pratica.
Essa
é a grande verdade de nossos tempos, apontar para esse ou aquele político por
isso e por aquilo, porém o brasileiro não vota nas ideologias partidárias, vota
sim, no político, aquele com quem ele mais se identifica, ou melhor, aquele que
pode lhe oferecer alguma vantagem (A Lei de Gerson) ou atender alguém de seu
relacionamento. Por ter esse comportamento dúbio e sacana, ele permite que
cheguem ao poder o que existe de pior no seio da política de seu país, mas não
consegue enxergar-se como o grande culpado pela omissão.
Alegra-se,
chora, faz promessas, paga caro, idolatra, briga nas ruas, ofende amigos, faz
tudo por futebol, mas não é capaz de se revoltar em uma fila de banco ou de
hospital depois de longas horas de espera, enquanto seus heróis em hotéis
maravilhosos dão desculpas esfarrapadas pelas derrotas, que eles, sem
protestos, aceitam.
O
que leva o brasileiro a agir com tamanha submissão?
(continua...)
Foto
ilustrativa
Daniel,
ResponderExcluirNão esmoreça. Não jogue a toalha. Com certeza não salvaremos o mundo. Mas se conseguirmos transmitir nossa mensagem para uma unica pessoa que seja, já terá valido a pena. Aprendi isso a duras penas e com algumas inimizades.
Abraço.
João Camargo Mello Filho