Guaratuba: Somos cidadãos de segunda classe?

Retornando de Joinville/SC, onde fui à busca de tratamento médico, rodovia de pista dupla, apesar de grande movimento, muito bem sinalizada, eis que placas nos apontam saída para Garuva, Itapoá, Guaratuba, aí as coisas já começam a mudar, pista estreita, buracos, péssima sinalização, carretas desvairadas pondo em risco tudo e todos, turistas afoitos e ansiosos, o que me levou à reflexão sobre minha participação no conjunto de deveres e direitos em nossa cidade, estado e país.

Os mais otimistas e alienados dirão que existem mais coisas belas no litoral do Paraná do que a minha vã filosofia contestadora pode imaginar!
Acredito que a tão propagada beleza realmente existe, afinal vim residir no sul do Brasil por escolha e não por necessidade, entretanto, as minhas obrigações e deveres, sejam elas contribuições, tributos, taxas e afins, tenho pagado nas datas em que me cobram, porém, alguns direitos meus tem sido constantemente desviados e desrespeitados.

Minha internet e telefonia fixa é Oi/Brasil Telecom, horrível, minha operadora de telefone cell é a TIM, conhecida como TIMganei, pagarei minha conta de luz agora na temporada com majoração de até 40%, a Copel alega que é a prestação sem o desconto, não entendi, porém a “taxa” de iluminação pública incide sobre o consumo, que é um roubo, porque uma lampadazinha daquelas consome meus R$ 35,00 reais mensais. A água é a mesma coisa. Taxa de lixo igual pra todos, mas a limpeza pública não existe nos bairros, só no centro e orla. Do outro lado o Ferry, endividado com a PM, apoiou o derrotado para se livrar de dívidas, continua sucateado pondo em risco a vida de todo mundo. O comércio, apesar dos fornecedores não remarcarem, majoram seus preços obrigando todos a se sujeitarem a viver e pagar como os explorados turistas, justificando que a temporada é curta, entretanto, todos faturam o ano todo! A saúde, tratamento médico e segurança da cidade são somente promessas. E por ai vai...

Pergunto-me sempre por que nós temos que nos sujeitar a essas situações de subserviência e assistirmos a cada temporada a preocupação dos governos municipal e estadual com o turista que para cá se dirige, seria para cativá-lo e evitar que ele se bandeie para nosso estado vizinho? Seria porque o objetivo é ajudar o comércio explorador da cidade? Seria porque sempre foi assim e a proximidade de Curitiba exige um padrão de veraneio condizente com o “status” do visitante? Seria porque o governo em Curitiba sempre nos considerou o quintal dos fundos, que merece algumas melhorias apenas nos dias de churrasco? Seria porque nos consideram cidadãos de segunda classe?

Sim, isso mesmo, segunda classe, pois, como entender as diferenças nos serviços, atendimentos, benesses, investimentos, que ocorrem somente nos meses de alta temporada? Como entender o porquê do cidadão da capital ter mais direitos que nós? Para termos os mesmos direitos deveríamos todos viver lá? O feitor nos considera todos apenas caseiros de suas vivendas? 

Balneário de Camboriú/SC é a prova inconteste que isso está errado, lá os residentes conquistaram o direito de ter os mesmo serviços que os turistas porque os governos os tratam como cidadãos de primeira classe e como células básicas na geração de riquezas e tributos, merecem a atenção e a dignidade de poder contar com todos os benefícios e serviços públicos oferecidos às demais cidades, inclusive com a mesma qualidade, por isso é que muitos paranaenses veraneiam e residem lá,  diferentemente de nossa cidade, onde, a conta-gotas, em vésperas de eleições , somos brindados com algumas benfeitorias interesseiras que mal e parcamente nos ressarcem do muito que pagamos.

Concluí que, se somos considerados por eles como cidadãos de segunda classe é simplesmente porque assim o permitimos, entretanto, resta-nos agora nossa representatividade legislativa, onde pelo nosso mérito, renovamos nossa Câmara em 75% (quantitativamente), e, nosso recado aos executivos e oportunistas foi dado de tal forma que esperaremos o início do próximo ano para cobrarmos as promessas e participarmos de nossa afirmação à condição de cidadãos de primeira classe que sempre fomos tal qual somos tratados como em dia de eleições.

Foto ilustrativa