Tudo como dantes no quartel d‘ Abrantes...

Passada certa euforia de temporada, e mesmo porque, em um post intitulado “Stand by” neste blog, teci comentários a respeito de situações que temia e dizia a respeito a conchavos, açodamento e alijamento do povo em processos políticos e administrativos, porquanto o povo, na temporada trabalha, enquanto “eles” se juntam em gabinetes para “traçar” planos em benefício ou malefício do povo, quem sabe?

Trocando conversas com um edil, quis saber sobre o início dos trabalhos da vereança e suas reuniões, as quais estou deveras fissurado em comparecer, onde, para minha surpresa, disse-me ele:
” Lamento meu amigo, reunimo-nos somente para as seções extraordinárias quando somos convocados para votar projetos de urgência do executivo, as seções ordinárias, onde teremos a presença do povo só em março.”  

Sendo eu uma pessoa insistente e como dizem por ai, gosto de dar um “choque de realidade”, não parei por aqui e questionei de novo:

-Quer dizer que podem fazer besteiras que prejudiquem o povo sem que nós saibamos o que é, sem que o povo aprove, cadê a transparência...?

-Respondeu: Sabe como é a gente só fica sabendo 48 horas antes...,

-Respondi: Sei disso, o que não entendo é porque o povo não pode assistir? O que é aprovado é divulgado na íntegra no site da Casa de Leis?

-Desculpe, porém tenho que sair e falamos depois..., disse-me ele, e foi-se...

A mudança que o povo propôs renovou em 77% o quadro da Câmara, porém, o ranço e vícios existentes somente mudarão se, os atuais edis, se comportarem como cidadãos que tem responsabilidade com os votos que receberam da população e começarem já as mudanças que permitam uma transparência até então inexistente. Essas mudanças passam pelas diárias, carros, combustíveis, celulares, assessores, verbas etc, e também pelo comportamento democrático para com os cidadãos, que inclua o acesso ao site, a postagens de informações de acesso ao povo, que não inibam a presença de jornalistas e populares ao recinto, seja em seções ordinárias ou extraordinárias.

Eu não creio que o presidente Oliveira, salvo que alguém me prove o contrário, seja uma pessoa que direcionará a casa, com pulso firme, democrático, sem peleguismo ou protecionismo, e com a transparência que o povo exige, tal como já nos mostra as aprovações em seções sem a presença do povo, onde pode ou não, aprovar projetos que em nada beneficiam o povo e a cidade. Visto assim, espero que os remanescentes reeleitos não contaminem os “recrutas” com suas posturas já rançosas e corrompidas.

Por outro lado, a preocupação cresce na medida em que afastam o povo da vigilancia e permitem que executivo e legislativo barganhem na calada dos gabinetes sem a presença de um órgão que represente a imprensa e o povo.

No século XIX, na cidade de Abrantes, Portugal, o general Jean Androche Junot, braço direito de Napoleão, sabendo que a corte fugiu para o Brasil, invadiu a cidade e fez-se nomear duque d’Abrantes, ninguém se opôs, tal qual aqui na cidade dos anônimos, por isso, tranquilamente manteve o poder e a quem perguntasse como iam as coisas, a resposta era sempre a mesma, igual ao que ja começamos a sentir tanto no legislativo como no executivo de Guaratuba, tudo como dantes no quartel d’Abrantes...

Foto ilustrativa do Quartel de Abrantes, qualquer semelhança com a Camara de Vereadores de Guaratuba é mera coincidência.